Queda de trabalhador é ocorrência que mais mata na construção civil. Para especialistas, o caminho para reverter esse quadro é prevenir e não só proteger

Os equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva (EPCs) são dispositivos essenciais para garantir a segurança no trabalho em altura e seu uso é obrigatório nos canteiros. Dados do Ministério do Trabalho apontam que cerca de 40% dos acidentes em obras no Brasil envolvem serviços dessa natureza, sendo as ocorrências que mais matam trabalhadores da construção civil. Os auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego são os principais responsáveis por fazer a fiscalização do cumprimento correto das normas de segurança no trabalho em altura.

“Temos no Brasil a ideia que escrever uma norma resolve problemas”, dispara Cosmo Palasio de Moraes Júnior, técnico de segurança do trabalho da CP Soluções em Prevenção. Para ele, é preciso entender que cumprir uma norma é um caminho para a prevenção. “Nossas normas, especialmente a NR 35, que regulamenta a Segurança no Trabalho em Altura, são interessantes, simples, claras e objetivas e deveriam ser bastante uteis para a prevenção. Mas para isso ocorrer é preciso que mais atores sociais se empenhem e, acima de tudo, que o descumprimento seja tratado com o rigor da lei“.

Ele defende que as soluções para proteção contra quedas sejam vistas como um conjunto e não como dispositivos isolados. “Um bom equipamento ajuda e muito, mas ele sozinho pouco pode. As soluções começam pela questão humana, tanto por quem escolhe os equipamentos e planeja o trabalho, quanto por quem o executa. É importante considerar também a forma de realização e as etapas dos serviços, já que o trabalho em altura implica em um amplo desgaste e pode desencadear erros, desvios e outras ocorrências fatais”, alerta Cosmo Palasio.

EQUIPAMENTOS OBRIGATÓRIOS

A escolha dos EPIs e EPCs deve ser feita de forma técnica e criteriosa. “Os equipamentos devem ter certificação e estar dentro do período de validade”, alerta Juarez Sabino da Silva Junior, técnico de segurança do trabalho. “Os cabos de segurança podem enferrujar em decorrência do tempo de uso, por isso precisam ser checados, avaliados e substituídos conforme a necessidade. A validade do Certificado de Aprovação (CA) dos cintos de segurança deve ser averiguada a cada três ou cinco anos junto ao fabricante”, explica Juarez.

Embora todos os EPIs sejam testados e recebam um número de registro, Juarez sugere que a cada cinco anos os cintos de segurança sejam substituídos. Entre os principais EPIs obrigatórios para o trabalho em altura, estão os trava-quedascinto de segurança tipo paraquedistacapacete com jugulartalabartes ajustáveis, talabartes simples e em Y, botinas de segurançaóculos de segurança e luvas de segurança.

Juarez lembra que as ferramentas precisam ser amarradas para evitar que caiam e provoquem acidentes e o cinto de segurança é sempre ancorado em ponto de resistência. “Os sistemas de cabo de aço esticado possuem três presilhas e são fixados numa estrutura resistente do prédio, onde o cinto de segurança do operador é ancorado”, diz.

CONDIÇÕES PARA O TRABALHO EM ALTURA

Além dos dispositivos de segurança, deve haver um plano de resgate para situações de risco ou acidentes. Caso o trabalhador passe mal, a remoção deve ser feita com auxílio de uma plataforma de trabalho aéreo ou com um conjunto de cordas com roldanas e mosquetão para fixação. Os serviços também devem ser interrompidos quando as condições metereológicas forem adversas (chuvas e ventania).

De acordo com a NR 35, a pessoa capacitada para trabalhar em altura deve ter passado por treinamento e se submeter a avaliações frequentes do estado de saúde. Os exames clínicos são parte do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) e envolvem checagens de doenças ou problemas psicossociais.

FUNÇÃO DOS PRINCIPAIS EPIS

Confira abaixo como esses equipamentos funcionam:

Calçado de segurança: evita escorregamentos nos deslocamentos verticais e na permanência nos postos de trabalho

Óculos de segurança: evitam que os olhos sejam atingidos por poeira, produtos químicos e insetos

Capacete: minimiza consequências de batidas contra degrau, tubulação ou parte de estrutura

Luvas: evitam contato com uma parte cortante, quente ou qualquer coisa que leve a uma reação que cause acidentes;

Cinto de segurança paraquedista: ancorado em um ponto resistente da estrutura, evita a queda do trabalhador de grandes alturas

Fonte: AECWEB

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